segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DEPUTADO MARCON DEBATE COM JUVENTUDE NO FSM

O parlamentar foi painelista no tema: criminalização dos movimentos sociais no RS. Na ocasião, Marcon reafirmou a posição do governo Yeda de priorizar os ricos e poderosos nas suas ações de governo, além de perseguir e criminalizar os movimentos sociais desde o início de seu governo. Segundo ele, o ápice dessa perseguição deu-se no ano passado, com o assassinato do agricultor sem terra Elton Brum da Silva, morto pela Brigada Militar, com um tiro pelas costas numa desocupação de terra, no município de São Gabriel.


O presidente da CCDH também relembrou aos jovens a importância da criação do Fórum Social Mundial em 2001, que teve o papel fundamental de discutir alternativas ao modelo neoliberal vigente à época. Segundo Marcon, esse mesmo modelo, gerador de miséria e fome, também foi um dos grandes responsáveis pela mudança climática no mundo. “Hoje a sociedade se dá conta que a monocultura de exportação, o uso indiscriminado de agrotóxicos, a destruição das florestas para saciar a ganância do latifúndio e o uso de grandes extensões de terras produtivas para a plantação de lavouras de eucaliptos, em detrimento da produção de alimentos, apenas trás destruição e morte, com conseqüências devastadoras para a humanidade.
Segundo Marcon, as teses defendidas no Fórum em 2001 provaram estar corretas sobre o neoliberalismo, no entanto, passados 10 anos, a derrocada do modelo, culminando com uma crise econômica mundial, se faz necessário discutir um novo modelo de desenvolvimento global. Esse modelo, segundo Marcon deve garantir a preservação do meio ambiente, priorizando a geração de emprego e renda para os trabalhadores do campo e da cidade e buscando garantir o desenvolvimento sustentável.

GAROTA VERÃO DE VIAMÃO É ESCOLHIDA EM ITAPUÃ

Foi neste domingo 24 de janeiro às 17 hs que Viamão conheceu a sua representante do Garota Verão 2010.

PRISCILA SHINEIDER  da Vila Santa Isabel de Viamão a grande vencedora do Concurso, que reuniu 23 garotas de 14 a 18 anos, representando os mais diversos Bairros de Viamão. Durante duas horas as pessoas tiveram a oportunidade de ver belas garotas, e os jurados tiveram dificuldade de chegar ao veredito para escolher a Garota Verão Viamão. A melhor torcida, foi tambem da representante da Santa Isabel, que sagrou-se a escolhida dos jurados. Parabens a Priscila, e que tenha todo o sucesso que merece no próximo passo que será em Triunfo.

NUNCA NO PAIS SE DISCUTIU COMUNICAÇÃO COMO AGORA

Nunca antes neste país, cerca de 30 mil pessoas discutiram, ao longo de três
meses, o tema Comunicações ou Mídia. Nunca antes neste país, cerca de
mil pessoas ligadas a movimentos sociais, entidades sindicais e,
inclusive, associações empresariais debateram, junto com o governo,
políticas públicas para as Comunicações. Tema até hoje restrito aos
grupos empresariais interessados, aos profissionais do ramo ou a
círculos acadêmicos especializados, os problemas, as grandes questões,
os rumos das Comunicações brasileiras começam a ser apropriados,
compreendidos e questionados por amplos segmentos da nossa sociedade.
Se não houvesse nenhum outro saldo, somente este, a democratização do
debate, já traduziria o grande resultado positivo da Iª Conferência
Nacional de Comunicação (Iª Confecom), cuja etapa final foi realizada
em Brasília entre os dias 14 a 17 de dezembro passado.

Apesar de boicotada pela Rede Globo, à frente da Abert, e pelo
cartel dos grandes jornais, nucleados na ANJ, a Iª Confecom foi um
sucesso. Enfrentou não poucos problemas ao longo da sua construção,
esteve a pique de naufragar em alguns momentos mais acirrados, nas suas
Plenárias finais, mas ao cabo resultou numa estrondosa, até
emocionante, vitória do governo, das entidades da sociedade e de
milhares de pessoas que se empenharam na sua realização. A Confecom foi
um sucesso não somente pela mobilização que promoveu, mas também por
ter demonstrado a empresários e não-empresários ser possível sustentar
posições divergentes sem mútuas agressões e ser possível construir
posições convergentes com mútuas concessões. Com certeza, para a
Associação Brasileira de Radiodifusão (Abra) e para a Telebrasil,
entidades empresariais que não acompanharam o radicalismo da
Globo/Abert e da Folha/ANJ, a Confecom resultou num positivo
aprendizado democrático.
Ao contrário de tantas outras conferências convocadas e organizadas
pelo Governo Lula, esta se caracterizava pela necessidade de se
assegurar a presença do empresariado no debate. Para esvaziá-la, a
Abert, a ANJ e seus satélites caíram fora. Mas as contradições no campo
empresarial falaram mais alto, o governo soube negociar com elas, daí
que a Abra e a Telebrasil, depois de obterem salvaguardas que julgavam
necessárias, aceitaram seguir participando do processo e, assim,
qualificaram-se e se legitimaram para ocupar posições cada vez mais
politicamente influentes nos debates que se seguirão.
Essas salvaguardas foram muito criticadas pelas representações e
porta-vozes do campo popular, inclusive pelo autor dessas linhas. No
entanto, ao contrário do que podiam esperar até quem as acatou temendo
que, sem elas, a Confecom não se realizasse, as salvaguardas acabaram
ajudando a filtrar as questões realmente relevantes para o debate, e
não impediram que centenas de outras propostas fossem aprovadas por
consenso ou votação amplamente majoritária, apoiadas inclusive pela
representação empresarial.
Das quase 1.400 teses levadas a Brasília, metade delas foi
liminarmente rejeitada ainda nos grupos de trabalho. Para tanto,
bastava não somarem mais de 30% de votos favoráveis em seus grupos.
Parece que o bom senso prevaleceu nos GTs... Aquelas que somassem mais
de 80%, iriam direto para o relatório final como “aprovadas por
consenso” ou “por mais de 80%”: foram 601, número bastante elevado e
politicamente muito significativo. Nas demais, cada um dos dois
segmentos da sociedade civil, em cada GT, selecionaria quatro de maior
interesse para remeter às Plenárias finais, podendo o governo
selecionar duas. Assim, 140 propostas chegaram às Plenárias para serem
votadas ou, eventualmente, sujeitarem-se ao mecanismo da “questão
sensível” – se algum segmento levantasse “questão sensível”, a proposta
somente poderia ser aprovada se somasse 60% mais 1 dos votos e, pelo
menos, 1 voto em cada um dos três segmentos. Ainda assim, 71 propostas
foram aprovadas. Apenas 13 não lograram aprovação devido ao mecanismo..
Outras duas foram rejeitadas por maioria simples e as demais não foram
apreciadas por falta de tempo.
Ficou claro que poucas, embora decisivas questões opõem o
empresariado ao campo democrático, ou o capital ao trabalho, como se
diria em outros tempos... Um ponto de muito polêmica e que ainda deverá
ser melhor discutido trata do uso dos recursos do Fust para financiar a
universalização da banda larga. O empresariado quer, mas a CUT não quer
que esses recursos possam ser devolvidos às operadoras privadas que
prestariam o serviço. Para a CUT, essa operadora deveria ser uma
revitalizada Telebrás estatal. Outro ponto sobre o qual não foi
possível acordo trata da multiplexação dos canais de TV aberta digital.
A Abra gostaria de usar essa possibilidade tecnológica para permitir,
na prática, que cada emissora ofereça mais três, quatro ou cinco canais
de programação em um mesmo canal de concessão. O Coletivo Intervozes
orientou o campo democrático-popular a não concordar com isso: para
cada concessão, só um canal.

Sem força legal, as resoluções da Confecom poderão e deverão vir a
ser transformadas em projetos de lei do Executivo ou do Legislativo,
nos próximos anos. Ao contrário da legislação atualmente em vigor,
gerada em gabinetes fechados de governos anteriores e aprovada a força
de lobbies empresariais e de sabidos (mas nunca investigados) mensalões
passados, uma nova legislação que venha a ser respaldada nas resoluções
desta primeira e das próximas Confecons, estará politicamente
respaldada e legitimada pelo debate aberto e franco envolvendo os
diversos e diferentes segmentos da sociedade. Nos termos das resoluções
desta primeira Confecom, o Executivo ou o Legislativo já poderiam
considerar a possibilidade de debater uma ou mais de uma lei envolvendo
os aspectos abaixo relacionados.

- Criação do Conselho Nacional de Comunicação Social. Comemorado
como uma das principais conquistas das forças populares, trata-se de
antigo projeto, proposto inicialmente na Constituinte de 1988, cujas
origens remontam ao Conselho Nacional de Comunicações, instituído pelo
Código de Comunicações de 1962 e extinto pela ditadura militar. Nas
condições políticas atuais, o Conselho seria composto por
representantes do governo, do empresariado e da sociedade civil
não-empresarial, tendo poderes para formular e implementar políticas de
comunicações. Também foram aprovadas propostas prevendo a criação de
conselhos estaduais e municipais.

- Criação do Conselho Federal de Jornalismo e elaboração de uma nova
Lei de Imprensa. Independentemente da obrigatoriedade ou não do diploma
específico para exercício da profissão, a atividade em si necessita de
regulamentação, seja para assegurar, à sociedade, o livre acesso à
informação (o recente boicote, pelo “Jornal Nacional”, à notícia da
premiação do presidente Lula como Homem do Ano pelo Le Monde, é um
autêntico escândalo!), seja para garantir aos profissionais condições
reais para cumprirem, ou serem punidos se não cumprirem, o “código de
ética” do jornalismo. Uma das teses aprovadas prevê incluir numa futura
lei, a “cláusula de consciência” pela qual o profissional não poderia
sofrer intimidações por escrever contra os interesses do seu patrão.

- Proibição de publicidade dirigida a menores de 12 anos.
Sublinhando, por testemunho do autor destas linhas, que tal resultou de
um acordo aceito pela Telebrasil e pela Abra, a Confecom deu importante
respaldo à crescente mobilização da sociedade brasileira para proteger
a nossa infância e nossa juventude da influência de mensagens
publicitárias que visam formá-las como consumidores compulsivos, antes
que se formem como cidadãos. Se uma lei nessa direção vier a ser
aprovada, pode-se esperar algumas mudanças, para melhor, nas
mentalidades de futuras gerações.

- Incentivo à produção audiovisual nacional, independente, regional
ou comunitária. Foram dezenas as propostas aprovadas, por consenso, a
favor de políticas de fomento e incentivo, inclusive com introdução de
cotas ou criação de fundos, à produção nacional, ou independente, ou
regional, ou comunitária, ou educativa etc. Uma delas, diz com todas as
letras: “Garantir um mínimo de 50% do mercado nacional de radiodifusão
e TV por assinatura para a produção de conteúdo nacional” (GT 4/PL
516). O Congresso Nacional está portanto autorizado a introduzir cota
de 50% para produção nacional na programação dos canais estrangeiros em
TV por assinatura, no lugar das atuais ridículas 3hs30m semanais,
conforme consta em projeto de lei recentemente aprovado na Câmara
(PL-29), agora a caminho do Senado.

- Universalização da banda larga e da internet. Diversas propostas
aprovadas por consenso nos grupos de trabalho, confirmam a importância,
mesmo prioridade, que a sociedade brasileira passou a dar a políticas
públicas voltadas para a universalização da banda larga e do acesso à
internet. No entanto, como operacionalizá-las ainda é motivo de forte
dissenso, opondo as operadoras privadas às representações dos
trabalhadores e dos movimentos sociais. Sabendo-se que por aqui
avançarão as fronteiras capitalistas de acumulação nos próximos anos,
entende-se a maior dificuldade, neste ponto, de um acordo.

- Obediência à Constituição, em especial aos seus artigos 221 e 222.

A Confecom concordou que os meios de comunicação, independentemente das
plataformas tecnológicas, devem todos obedecerem aos princípios
constitucionais que estabelecem suas finalidades educativas e culturais
(cabendo, pois, regulamentá-los), bem como limitam a participação de
capital estrangeiro nesses serviços. Uma das propostas aprovadas
estabelece que o capital estrangeiro deverá ser reduzido de 30 para 10
por cento. Se depender da Confecom, a própria Constituição deveria ser
revista para eliminar a distinção que hoje faz entre radiodifusão e
telecomunicações, deixando assim as operadoras de telecomunicações
livres para prover conteúdos sem obediência aos princípios que regem
apenas (por enquanto) as emissoras de radiodifusão.

- Desenvolvimento tecnológico e industrial. Sem muito alarde, foram
aprovadas por consenso duas teses, no GT específico, reivindicando
políticas de fomento ao desenvolvimento industrial e tecnológico,
inclusive aproveitando as novas oportunidades de mercado a serem
abertas pela provável expansão da infra-estrutura de banda-larga, nos
próximos anos.

- Garantia de direitos. Sem maiores polêmicas, foram aprovadas quase
todas as teses que reivindicavam respeito aos, ou promoção dos direitos
de minorias, mulheres, trabalhadores e cidadãos e cidadãs em geral.

- Rádios e TVs comunitárias. Este segmento, nucleado pela Abraço e
pela ABCCom, foi um dos que mais se mobilizou pela realização da
Confecom. Foi brindado, ao final, com a aprovação de quase todas as
suas teses de fomento à radiodifusão comunitária e de condenação à
criminalização, em curso inclusive sob o governo Lula, de ativistas do
movimento.

A Confecom proporcionou-nos a todos e todas um grande aprendizado de
democracia e diálogo. Criou pontes de comunicação entre segmentos que
antes mal se cumprimentavam. Identificou atores e lideranças que
poderão, a partir de agora, aprendidas de parte a parte as lições,
tentar construir um novo, democrático e nacional marco regulatório para
as comunicações brasileiras. Por outro lado, não poderemos ignorar, nos
encaminhamentos futuros, as posturas atrasadas e atrabiliárias da
Globo, da Folha de S. Paulo, Estadão e similares, ainda recusando o
diálogo e a negociação, isto é, ainda ignorando as novas configurações
democráticas que vai assumindo a sociedade brasileira. Resta esperar
que, apesar dos seus indefectíveis editoriais de ocasião, nos seus
interiores já se esteja sabendo avaliar o real significado desta e de
outras tantas derrotas recentes. Ou ainda apostam que reverterão todo
esse processo em outubro próximo?

*Marcos Dantas é professor da Escola de Comunicação da UFRJ,
doutor em Engenharia de Produção pela COPPE-UFRJ, ex-secretário de
Educação a Distância do MEC.