domingo, 14 de fevereiro de 2010

HISTÓRIAS DO CARNAVAL

"Era Roma... era bela... seu império era força, era lei seu passado foi arte, foi guerra, Foi de Cezar e de outros que bem sei”.


Começava assim um samba de enredo do cordão carnavalesco "Pra que tristezas?", da Sociedade Gondoleiros, em 1972. Depois, os versos que Jamelão e Pingüim entoavam ainda mostravam pedaços da história do carnaval, concluindo mais ou menos assim:


”...Mas, esse povo audaz, não esqueceu jamais, que existia a hora de sonhar...

e se entregava ao prazer, de cantar, de beber, de brincar, até o amanhecer.

Isto era o Carnaval, que caminhou e cruzou muitos mares e terras,

Veio vindo, chegou bem modificado

E aqui no Brasil, implantou seu reinado...”

Seja romana a origem, seja verdadeira a versão que atribui aos egípcios, dez mil anos antes de Cristo, as primeiras festas que redundariam na criação do Carnaval, o que importa é lembrar que, em nosso país, tudo teria começado em 1723, trazido pelos portugueses da Ilha da Madeira, Cabo Verde e Açores sob a forma de correrias e brincadeiras chegadas até a alguma violência, que chamavam de entrudo. No século XIX, no Rio de Janeiro, um português, chamado José Nogueira, percorria as ruas centrais da cidade tocando um bumbo, gritando e cantando. As pessoas o seguiam no mesmo embalo e disso teria resultado a idéia que até hoje se materializa nos desfiles das entidades carnavalescas: o corso, a procissão, a evolução, a dança e o canto das sociedades, ranchos, cordões, blocos, tribos e finalmente as escolas de samba, figuras centrais de um modelo de carnaval-espetáculo que hoje domina o período carnavalesco. Ninguém contou muito bem, até hoje, como é que o português José Nogueira virou Zé Pereira, o gorducho tocador de bumbo que serve de ponto inicial de uma história do carnaval brasileiro.

Em Porto Alegre se tem notícia de movimentos carnavalescos há mais de um século. Houve um tempo de grandes bailes no Teatro São Pedro e, no século XIX, duas grandes sociedades carnavalescas: Os Venezianos e a Esmeralda. De vermelho e branco, os venezianos disputavam um bonito carnaval com a Sociedade Esmeralda, de verde e branco. Em 1909, a história do carnaval se confunde com a do futebol entre nós. Torcedores e participantes do grupo Os Venezianos estavam na fundação do Sport Club Internacional, o grande colorado de glórias, orgulho do Brasil. O que explica o vermelho de sua camisa e bandeira.

Brancos e negros, que não curtiam os mesmos salões, foram encontrar-se no carnaval de rua, na Cidade Baixa (Menino Deus, Azenha e vizinhança) e na Colônia Africana (Bairro Rio Branco). Entre esses dois pontos, o bairro Santana, outro que pode contar muita coisa de nosso carnaval.
Blocos, ranchos, cordões de sociedade e tribos carnavalescas foram as primeiras grandes atrações de nossos desfiles, até que surgisse, em 1960, a Academia de Samba Praiana, responsável pela reformulação até hoje dominante, segundo o modelo carioca de uma escola de samba, com tema-enredo, alas, comissão de frente, estandarte (uma exclusividade do Rio Grande do Sul nos dias atuais, em escolas de samba), mestre-sala e porta-bandeira, desfile cronometrado e regulamentado, com uma competição acirrada em torno de vários quesitos de julgamento. Antes disso, ainda nas primeiras décadas do século XX, tivemos muitas agremiações carnavalescas, já extintas. Das atuais, os Bambas da Orgia são os mais antigos, presentes aos desfiles desde 1940. Fidalgos e Aristocratas e Embaixadores do Ritmo são também mais que cinqüentenários.
Nosso desfile principal, que já foi denominado de Primeiro Grupo e hoje se chama Grupo Especial, rodou muito pela cidade até chegar ao Porto Seco, onde ainda não tem toda a estrutura, mas está carregado de esperança e vontade de lutar de todos os carnavalescos. Que 2006 acrescente um belo capítulo à história de nossas entidades carnavalescas, verdadeiras ilhas de resistência cultural. Não é fácil fazer carnaval, mas...fica para um outro episódio.

CARNAVAL DE PORTO ALEGRE

Carnaval de Porto Alegre é encerrado após desfiles de 13 escolas


Porto Seco recebeu 15 mil pessoas em duas noites de evento

Com lotação máxima – 15 mil pessoas –, o Complexo Cultural Porto Seco foi palco de um Carnaval bonito nas noites de sexta-feira e sábado em Porto Alegre. Os desfiles começaram às 23h15min de sexta, com seis escolas. A festa terminou às 6h30min de hoje com sete escolas do Grupo Especial. O evento foi transmitido ao vivo pela RBS TV e Rádio Gaúcha.
A segunda noite começou com a Acadêmicos de Gravataí apresentando na avenida histórias de mitos e lendas como Cleópatra e seguiu com a Imperatriz Dona Leopoldina homenageando a madrinha do samba Beth Carvalho. Outra homenagem bonita nesta noite foi feita pela Praiana com o tema-enredo comemorando os 150 anos do Theatro São Pedro.
A Vila Isabel mostrou os encantos do Mato Grosso, seguida pelas muitas tribos apresentadas pela atual campeã Imperadores do Samba. A Acadêmicos de Niterói levou à avenida as belezas da África, enquanto a Estado Maior da Restinga encerrou a noite com representações da China na passarela do samba.

A primeira noite também foi marcada por homenagens a cidades – como Brasília e Novo Hamburgo – e temas bem definidos, como amor e sedução.

Na terça-feira, às 16h, confira na RBS TV ao vivo a apuração dos resultados. As duas escolas com menor pontuação dada pelos jurados vão cair para o Grupo A.

Confira ainda os vídeos compactos dos melhores momentos de cada escola, as galerias de fotos das duas noites e os bastidores do camarote de Porto Alegre.

Notas do Júri Popular nesta noite:

Acadêmicos de Gravataí – 9,1
Imperatriz Dona Leopoldina – 9,1
Praiana – 8,5
Vila Isabel – 9,3
Imperadores do Samba – 9,7
Acadêmicos de Niterói – 8,4
Estado Maior da Restinga – 9,8

SEQUESTRO EM CANOAS

Duração do sequestro em Canoas supera o de lotação na Capital em 2002


Vigilante mantém ex-mulher refém há 36 horas no bairro Guajuviras

O sequestro praticado pelo vigilante Rodrigo Luciano Luz, 32 anos, em Canoas já é mais longo do que o ocorrido em 2002 em Porto alegre, quando um homem tomou um táxi-lotação. Rodrigo mantém refém a ex-mulher, Josiane Pontes, 29 anos, há 36 horas. Ele não aceita a separação. O sequestro do lotação durou 27 horas.
O sequestro do lotação foi emblemático. João Sérgio dos Santos Pereira, 27 anos, tomou o micro-ônibus por volta das 9h de 4 de janeiro de 2002, na avenida Osvaldo Aranha, e manteve nove pessoas sob seu poder. Ele se entregou por volta das 12h do dia seguinte. O caso mobilizou a polícia e monopolizou as atenções na Capital.
Assim como Pereira, Rodrigo teve momentos inconstantes enquanto manteve os filhos reféns, um menino de 11 anos e uma menina de oito. Ameaçou matar a ex-esposa e as crianças, mas acabou libertando os filhos do casal por volta das 10h de sábado. Aproximadamente à 0h de domingo, disse que se renderia, mas o medo de ser alvejado pela polícia o levou a desistir.
Em, 2002, na Osvaldo Aranha, Pereira chegou a apontar a arma para a própria cabeça e para os reféns enquanto dominava o lotação. O auxiliar de cozinha acabou liberando vários reféns e se entregou. Com ele foram encontrados pedaços de madeira que ele dizia serem uma bomba. À época, o chefe do Estado-Maior da Brigada Militar, coronel Luiz Antônio Brenner, considerou que Pereira teria problemas mentais. Em entrevista ao repórter Carlos Wagner, de Zero Hora, por meio do celular de uma passageira refém, o homem disse que queria dinheiro para melhorar a vida de sua família.
Rodrigo fazia tratamento psiquiátrico e teria depressão. Ele pediu ontem a presença de sua psiquiatra, e foi atendido. A mulher conversou com Rodrigo por celular. De acordo com o subcomandante da Brigada Militar, coronel Jones Calixtrato dos Santos, o homem não apresentava sinais depressivos neste domingo.