quinta-feira, 24 de junho de 2010

DUNGA CONTRA OS PODEROSOS!!

Avante Dunga!!! - Somos um Brasil de milhões de Dungas

  A crise que ronda o Brasil é uma crise para fora, que não envolve os
  jogadores. É uma crise de poder.
  De um lado o poderoso sistema Globo, que carregou 300 profissionais para a
  África do Sul e quer um retorno para tanto. Em outras palavras, deseja o que
  querem os quase mil profissionais do Brasil que aqui estão: acesso. E quanto
  mais privilegiado, melhor.
  Assim foi, assim é da índole e história da Globo, de emissora que no Brasil
  tenha a dimensão que ela tem.
  O problema é que, na outra ponta, está Dunga, o Schwarzenegger. E como
  sabemos desde quando ele era o pitbull da seleção amarela, quando divide, o
  Dunga racha.
  Está claro, cada dia mais claro, que secundado por quem ele confia e a quem
  tem como leais, casos de Jorginho e Taffarel, o técnico Dunga fechou um
  pacto com seus jogadores. De um lado ele, eles, do outro, o resto. Em
  especial a mídia e quem mais, dentro ou fora da seleção, não reze
  integralmente pela mesma cartilha.
  Se há fissuras no chamado "grupo" não se sabe; não se sabe mesmo, não
  existem informações concretas que levem a dizer isso. Estas coisas — que
  sempre existem em agrupamentos humanos — costumam aparecer, vide França e
  Inglaterra, quando pintam os fracassos.

  No Tempo Dunga na seleção não há fracassos; salvo na Olimpíada da China,
  quando máquinas se moveram para derrubá-lo. Como não há fracassos, parece
 evidente que Dunga escolheu um caminho: vencer ou vencer.
  Por mais que pareça rudimentar a lógica "ou está comigo ou contra mim", o
  técnico da seleção já viveu e apanhou o suficiente para saber o que
  significa a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.
  Dunga, que apanhou injustamente entre as Copas de 90 e 94, cuja família
  teve que suportar o marido, o pai, o filho a carregar por quatro anos a
  negativa marca da "Era Dunga", certamente sabe o que alimenta contra si de
  rancor, de ressentimento, a cada bordoada que distribui.
  Ele, que já me admitiu em 2007 não terem cicatrizado ainda as feridas da
  "Era Dunga", obviamente sabe que está jogando a cartada mais arriscada de
  sua vida profissional. A de construir para si mesmo a alternativa "vencer ou
  vencer".
  Quando se decide por enfrentar a Globo, Dunga sabe que está encurtando seu
  caminho à frente da seleção brasileira, perca ou ganhe. Dunga sabe quais são
  e como se movem os interesses para a Copa 2014, e sabe quem maneja boa parte
  dos cordéis.
  Nos idos da Copa América e Olimpíada, eventos que acompanhei, Dunga
  distribuiu fartamente bordoadas contra o sistema Globo. Durante e depois.
  Basta consultar os noticiários, capturar o que disse aqui e ali o técnico.
  São fatos.

  Fato é, também, que depois disso tudo um acordo foi costurado. Com a
  participação do diretor de Comunicação da CBF, Rodrigo Paiva, encontraram-se
  o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e um dos Marinho da Globo.
  Selou-se, então, um acordo de paz, de convivência por conta dos mútuos
  interesses. Não por acaso duas entrevistas exclusivas ao Jornal Nacional na
  Copa das Confederações, não por acaso Dunga na bancada do Jornal Nacional
 depois da convocação para a Copa de agora.

  Isso é inegável. São os fatos. Não há como negá-los.

  Mas, havia, há um Dunga no meio do caminho. Com a mesma determinação que
  jogou em 94, que então protegeu Romário de si mesmo e do assédio da mídia,
  Dunga agora se fecha com seu grupo.

  A propósito, Romário, que não é bobo, sentiu o cheiro da crise e nesta
  terça-feira postou em seu twitter, @Romário11, as seguintes mensagens de
  apoio ao capitão do Tetra:

  - Infelizmente sobrou pro Escobar (ele é gente boa e americano). Mas geral
  só gosta de bater, então apanhar um pouco faz bem!

  - Parceiro "Dunga", não perca o foco, vamos em frente e faltam 5 jogos!

  Ao se fechar tanto, Dunga comete erros. Erros como o de enxergar e tratar a
  todos, sem distinção, como se fossem adversários, inimigos mesmo, e isso não
  é uma verdade.

  Em algum momento Dunga perceberá, ou algum amigo lhe dirá, que não seria
  preciso tanto e contra todos. Nesta terça-feira, com a experiência de quem
  já viveu e enfrentou essa tsunami, Felipão Scolari aconselhou. A todos:
  “Pelo bem da Seleção, não adianta um dar um soco e o outro revidar, depois
  um dar um chute e o outro dar um chute também, porque, se não, nunca vão se
  entender...”.

  Dunga, o Schwarzenegger, decidiu-se por pagar o preço, por queimar as
  caravelas. A ele e seu grupo só uma coisa importa. Vencer. Ganhar a Copa do
  Mundo. Custe o que custar.
  O velho parceiro Romário, herói do Tetra a quem Dunga tanto deve e
  vice-versa, também nesta tarde postou em seu twitter: “A gente já sabe o que
  vai acontecer. Se o Brasil ganhar é obrigação, se perder não vou querer
  estar na pele do Dunga...”.

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